Da mesma maneira que as chuvas da primavera germinam a grama, os fundos de private equity são responsáveis pelo florescimento de novas empresas. Assim, os investidores em capital de risco e sociedades de participação limitada em private equity cultivam o solo dos países emergentes e desenvolvidos quando decidem plantar ali as suas sementes de capital. No mundo globalizado, investidores institucionais precisam escolher entre uma vasta gama de negócios e empreendimentos que se encontram sobre o solo fértil de inúmeros países.
Alexander P. Groh, Heinrich Liechtenstein e Miguel A. Canela têm estudado os critérios empregados pelos investidores na hora de decidir onde alocar fundos mundialmente. A proteção sobre o direito de propriedade aparece em primeiro lugar, seguida por estimativas quanto ao volume de negócios e, depois, por preocupações relacionadas ao pagamento de propina e corrupção.
Há diferenças significativas nos mercados de private equity e de capital de risco de um país para outro. Em níveis nacionais, a atividade que envolve capitais de risco e fundos de private equity é freqüentemente medida como uma porcentagem em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). Utilizando este padrão, o Reino Unido atualmente lidera o ranking mundial, seguido pelos Estados Unidos. Estes dois países pensam da mesma forma questões ligadas ao investimento e compartilham os mesmos tipos de legislação e economias focadas no mercado empresarial e de capitais.
Entretanto, nem todos os países estão no mesmo patamar. Diversas economias emergentes oferecem oportunidades interessantes de investimento. Para determinar as variáveis que inspiram os investidores a alocar o seu capital de risco em determinada região econômica, os pesquisadores encaminharam um questionário para mais de mil investidores institucionais que operam em sociedades de participação limitada em private equities e capital de risco.
Eles investigaram seis diferentes critérios: atividade econômica, mercado de capitais, tributação, proteção sobre o direito de propriedade, contexto social e atividade empresarial.
Disparada, a questão apontada pelos investidores como a mais importante no momento de avaliar uma economia é a proteção do direito de propriedade. Seja a propriedade intelectual, imobiliária ou pessoal, os investidores querem ter a certeza de que seus direitos legais estarão assegurados. As corporações, assim como os indivíduos, devem ter o direito de utilizar a sua propriedade da maneira que melhor lhes convir.
O segundo ponto mais importante para os investidores institucionais diz respeito à capacidade de encontrar boas administradoras de fundos locais e parceiros de modo geral. Eles precisam estar seguros quanto à qualidade e capacidade dos gerentes empreendedores locais. A existência de profissionais talentosos é um fator que importa muito. Se os investidores sentirem que podem contar com as pessoas - aquelas que atuam como os motores que impulsionam os negócios de capital de risco e private equity ou as companhias alvo - eles estarão, então, mais inclinados a confiar o seu capital.
As estimativas para o volume de negócios vêm em seguida na lista de suas prioridades. Os investidores desejam aplicar os seus recursos em negócios que prometem crescer.
Há diversos fatores, principalmente relacionados aos contextos socioeconômico e de mercado, que influenciam nesta questão. Por exemplo, o fluxo de negócios está ligado ao crescimento econômico e tamanho do mercado local, assim como depende da presença de instituições de apoio como bancos de investimento e empresas especializadas em fusões e aquisições, entre outras.
Finalmente, coincidindo com o seu desejo de proteção, os investidores temem a cobrança de propinas e corrupção, já que elas interferem diretamente na execução de suas metas.
Outra importante descoberta percebida por Groh, Liechtenstein e Canela é que os investidores institucionais não costumam levar em consideração todos os subsídios públicos que são oferecidos na hora de decidir onde investir. O dinheiro público não atrai o dinheiro privado. Isso levanta a questão da existência de programas públicos que tem por objetivo o estímulo do mercado de capitais de risco. Além disso, este dado também indica que o papel do mercado público de ações e do mercado de IPO (Oferta Pública Inicial, na sigla em inglês) não é tão relevante quanto se pensava.
Os responsáveis pelo levantamento apontaram para a necessidade de mais transparência no processo de alocação do capital internacional de investidores institucionais. Os resultados deste estudo servem como diretrizes para a definição de políticas que visam atrair mais capital de risco para os países que pretendem inovar, criar novos postos de trabalho e incrementar o seu crescimento econômico.
Os empreendedores precisam de mais do que uma idéia brilhante e um escritório. Eles precisam das sementes do capital de investimento e que os estrategistas do governo - por meio da proteção dos direitos de propriedade, da garantia de um bom volume de negócios e da eliminação das propinas e da indústria da corrupção - tornem o solo de seu país mais fecundo para investimentos.
Fonte: Gazeta Mercantil