quarta-feira, 26 de março de 2008

Audiéncia Pública em Camamu

Mais de 80 pessoas compareceram ontem (4) na Câmara de Vereadores de Camamu e debateram intensamente o melhor local de instalação do novo Píer de atracação de embarcações. A obra, uma antiga reivindicação do município, custará cerca de R$ 2 milhões e deverá estar concluída até o final deste ano, com recursos captados pela Secretaria de Turismo junto ao Ministério do Turismo.

O atracadouro, em concreto, terá 90 metros de extensão por 3 metros de largura, dois mirantes, e 3 píeres de atracação flutuantes para receber simultaneamente 3 embarcações. Terá ainda uma área coberta para embarque - sem agredir o visual da área - e passarela. O projeto prevê a urbanização da praça local, a melhoria do estacionamento de veículos e implantação de jardins.

A audiência pública foi presidida pelo Secretário de Turismo, Domingos Leonelli, e a mesa contou com a participação do prefeito de Camamu, José Raimundo Assunção Santos, e da prefeita de Marau, Vera Sarmento. Participaram da reunião dirigentes do Derba - órgão encarregado da implantação do Terminal Hidroviário de Camamu -, técnicos da Secretaria de Turismo e lideranças políticas de todos os partidos, sindicais e empresariais das cidades da região.

Na abertura dos trabalhos, o secretário Domingos Leonelli agradeceu ao presidente da Câmara de Vereadores, Luiz Oliveira da Luz, pela cessão do espaço e falou da alegria de estar ali para debater a localização de um novo e melhor atracadouro na cidade. Ele citou que o turismo náutico pode propiciar um melhor desenvolvimento para região, pois cria empregos e renda.

"Este tipo de turismo é indutor do desenvolvimento e permite integrar as comunidades. A construção e reparo de embarcações e sua utilização como ferramenta indispensável ao turismo regional ativará pequenos negócios como bares, restaurantes e pousadas, além de gerar mais empregos". Leonelli salientou ainda a orientação do governador Jaques Wagner para assegurar a participação das comunidades locais nas decisões sobre obras e serviços do governo.

Ele apontou como inaceitáveis os enclaves hoteleiros existentes em localidades como Porto Seguro e Morro de São Paulo, que ao invés de comprarem produtos da região onde estão instalados importam quase tudo e deixam de inserir no seu processo os moradores das comunidades, gerando desemprego e violência, entre outras mazelas.

Leonelli afirmou que o turista quer ver não somente as belezas naturais como também vivenciar a cultura local, conhecer a identidade do povo. Ele destacou que o Estado precisa dar qualificação profissional e empresarial, além de apoiar a produção artística e artesanal dos moradores da região. "Por isso, essa proposta de que o atracadouro seja instalado próximo ao Mercado do Artesanato e ao futuro Mercado do Peixe. Trata-se de uma parceria do governo federal com o Estado, do presidente Lula com o governador Wagner, destinando R$ 2 milhões a essa importante obra. Camamu pode se tornar uma grande cidade portuária, a serviço de toda a região", destacou.

Debate intenso

Após a apresentação do projeto pelo arquiteto do Derba José Pereira de Melo, o prefeito de Camamu, José Raimundo Santos, defendeu a instalação do novo cais nas proximidades do Mercado do Artesanato, dizendo que os estudos feitos apontaram como o local ideal. Ele foi contestado por alguns dos presentes, que defenderam a instalação do Píer em outra localização. Foram informados que o local indicado era raso e precisava ser dragado, o que elevaria bastante o custo do atracadouro. O arquiteto, ambientalista e paisagista Luis Simas também falou, defendendo a implantação do novo atracadouro como fator de desenvolvimento para Camamu.

O líder político André Maron destacou que "falta em Camamu uma boa e eficiente estrutura para receber os turistas. Nos falta atrativos turísticos para revitalizar a cidade". Outra líder política local, Vandete Aragão Barbosa Oliveira, destacou que a cidade possui um plano diretor, mas que ele mão é respeitado. "Temos que criar uma comissão para o acompanhamento da obra", afirmou.

Manoel Luis, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, destacou a importância do turismo para a região. "Esse tipo de turismo é muito importante. Temos é medo do turismo predatório. Por isso, digo que há muito tempo não vemos um secretário de Estado vir debater com a gente tão importantes questões".

O secretário de Turismo salientou que essa postura democrática do atual governo interrompe aquele tempo em que se precisava da canetada de uma autoridade para se realizar qualquer obra. Disse que a proteção ao meio ambiente não é um estorvo, mas sim uma vantagem competitiva e citou o exemplo da prefeita de Marau, que suspendeu todos os alvarás de construção dos empreendimentos hoteleiros até que eles se comprometessem a construir suas redes de esgotamento sanitário.

"Agradeço ao empenho do governador Jaques Wagner, que está realizando um excelente governo e ao secretário Leonelli, que está sempre presente em reuniões, atendendo as demandas das prefeituras da Bahia, como essa obra do atracadouro que será boa para toda a nossa região", afirmou a prefeita Vera Sarmento.

Já Epifânio Barreto, presidente da Associação dos Transportadores Marítimos da Baía de Camamu, indagou como vai ser realizado e que tipos de materiais serão utilizados no projeto. "Esse antigo atracadouro já foi reformado duas vezes e não está em tão boa situação".

Fabrício Mato Grosso, do Instituto de Economia Solidária e coordenador da implantação do Fórum do Baixo Sul, destacou a importância de se realizar um debate ampliado, pertinente e maduro. Ele informou em 31 de janeiro a associação dos barqueiros assinou com a Agerba acordo para gerenciar por 5 anos os terminais de Camamu e Barra Grande. "Gostaria de saber se isso vai ser mantido após a construção desse novo atracadouro", questionou.

Ao final da participação dos debatedores, o secretário Leonelli salientou a importância de se definir quem irá gerir o novo empreendimento, já que ele é muito importante para a produção associada ao turismo. Lembrou ser preciso criar uma comissão de acompanhamento da obra e salientou que as estradas da região também precisam ser melhoradas.

Leonelli destacou a importância da qualificação profissional da juventude rural para trabalhar na área de turismo ou em atividades afins e informou que graças a um trabalho desenvolvido pela deputada federal Lídice da Mata junto ao Ministro do Trabalho Carlos Luppi foi conseguido verba para o treinamento de 30 a 60 jovens, que terão cerca de 500 horas/aula de treinamento pelo projeto Consórcio da Juventude, desenvolvido pelo Instituto Aliança.

"Ao final do treinamento temos que comprovar que pelo menos 40% desses jovens estão trabalhando como empregados ou como autônomos para podermos receber o restante do repasse conveniado", informou Ilana Cunha, coordenadora de projetos do Instituto Aliança.

Ascom/Setur