São Paulo, 4 de Abril de 2008 - "Não há placa de venda na porta da Costa do Sauípe", afirma o diretor-presidente do complexo hoteleiro, Alexandre Zubaran, em relação às especulações de que a Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) decidiu se desfazer de seus ativos localizados a 80 km de Salvador.
O executivo afirma, no entanto, que passado o período de reestruturação do complexo - que envolveu a revisão dos contratos de locação e culminou com a saída das operadoras Accor e Marriott - tudo é possível.
"Vamos capturar o máximo de resultados e depois decidir o que fazer. E todos os cenários estão sendo considerados", explica. Como cenários, lê-se sim uma possível venda do complexo e até mesmo a oferta pública de ações do empreendimento, sob o comando da Sauípe S/A, controladora da Sauípe Hotéis e Resorts (SHR), que já tem capital aberto.A possível venda desperta interesse, e especulações, devido a desvalorização dos ativos do complexo nos últimos anos, que o tornou alvo de fundos e empresas do mercado imobiliários interessadas em entrar no Brasil. O complexo, lançado com um valor de mercado de R$ 302,4 milhões foi reavaliado no ano passado em R$ 171,90 milhões. "O trabalho de avaliação é feito a cada dois anos e precisa ser refeito com base na realidade atual", afirma Zubaran.
A Sauípe contratou empresas como PricewaterhouseCoopers e Deloitte Touche Tohmatsu para fazer um trabalho de avaliação de ativos, risco fiscal e tributário e auditoria contábil. Para o executivo, se fosse considerado só o custo para se montar do zero um outro complexo seriam necessários recursos de R$ 400 milhões.
O executivo afirma que freqüentemente o complexo é procurado por investidores. Mas que as conversas nunca avançaram. A única coisa concreta é que a Previ tem pressa em rentabilizar o negócio e provar que consegue ganhar dinheiro com a hotelaria. Aliás, "a Previ nunca escondeu que não ganha com a operação", diz. "Nos primeiros três anos tivemos margem negativa. Em 2006, ficamos no azul pela primeira vez com margem operacional positiva e chegamos a ter lucro operacional no ano passado", afirma Zubaran, sem divulgar os dados de faturamento do complexo.
Os objetivos do fundo de pensão também estão se tornando mais realista em relação ao potencial de retorno do resort. Houve tempos em que o próprio Zubaran dizia que o complexo poderia ter uma margem operacional semelhantes a de resorts do Caribe, em cerca de 40%. Hoje, trabalha-se com expectativa de margem operacional de 25%.
Estratégia da Funcef
Não é novidade que os fundos brasileiros vem apresentando dificuldade em gerir e rentabilizar seus investimentos na área hoteleira. Mas nenhum deles parece que vai desistir do negócio. É o caso da Fundação dos Economiários Federais (Funcef), que no final do mês passado terminou de uma vez seu contrato com o grupo Blue Tree Hotels, da empresária Chieko Aoki, que ainda assinava dois hotéis, em Brasília e Angra dos Reis.A Funcef também encerrou em 2007 seu contrato com a operadora hoteleira Posadas, que geria o Eco Resort Cabo de Santo Agostinho, distante 37 quilômetros do Recife, há menos de um ano. O hotel rebatizado Eco Resort do Cabo está sob administração da Ria Hotelaria Sustentável, empresa criada por dois ex-gerentes do hotel e um preposto da Funcef. O mesmo modelo foi adotado em Brasília, só que sob administração da ADG Hotelaria, também aberta por ex-funcionários do fundo.
A idéia dos fundos gerirem seus próprios hotéis não é bem vista. Fontes da área de turismo afirmam que é muito arriscado tirar uma marca conhecida e colocar nomes sem expressão. Além disso, "os fundos têm feito contratos para ganhar com aluguel e participação nos resultados. Mas neste mercado ou você fica com o risco ou com o aluguel. Não dá para ganhar sempre", disse uma fonte que prefere não se identificar. Há quem ganhe com a hotelaria, como a Prudential, maior seguradora dos Estados Unidos, que tem cerca de US$ 4 bilhões investidos em hotéis.
